Dezenas de brasileiros se manifestaram, na manhã desta
sexta-feira (21), diante da embaixada brasileira em Tel
Aviv, em Israel.
Trazendo cartazes emulando aqueles vistos no Brasil,
com frases como "o gigante acordou", o grupo se uniu em
solidariedade às manifestações que eles têm
acompanhado a distância, em geral pelo Facebook.
"A ideia é apoiarmos o Brasil", diz à Folha Leonardo
Cheriti Shor, um dos organizadores do movimento, que
estima terem estado presentes 250 pessoas entre as 11h
e as 13h (horário de Tel Aviv). "A manifestação
partiu da nossa vontade de estar lá."
"Nunca tive engajamento político muito forte. Mas todo
brasileiro sente, agora, vontade de estar no Brasil.
Não precisa ser consciente politicamente. É uma coisa
moral."a Shor notificou a polícia israelense com
antecipação e trazia consigo uma autorização para o
protesto. Uma dupla de policiais observava o movimento,
sentados na sombra do prédio da embaixada,
aparentemente entediados. A manifestação foi
pacífica, pela manhã, com cantoria e apitos mas sem
interromper o trânsito.
O caminhoneiro Sérgio Cohen, 58, veio de Ashdod (ao
sul de Tel Aviv) para o movimento. Natural de Porto
Alegre, ele mora em Israel há 37 anos.
"Isso dói. Sou apaixonado pelo Brasil. A gente quer
ajudar daqui", diz, de boné do Grêmio e vestindo a
camiseta da seleção.
A paulista Olga Zeitouni, 41, veio de Bat Iam, onde
mora há dois anos. "Me mudei para Israel porque o
custo de vida lá é alto, o salário é incompatível
e falta estrutura", diz. "Os brasileiros estão
acordando, agora, para uma coisa com que eu já estava
insatisfeita."
Os cartazes, na manifestação, traziam dizeres em
português, inglês e hebraico, assim como eram
poliglotas as frases gritadas pelos presentes. Havia um
argentino entre a multidão. "A gente pode se
organizar, mesmo estando longe", diz Poliana
Czelusnick, de Curitiba e hoje moradora de Kfar Saba.
Durante o protesto, manifestantes se encontravam e
trocavam informações sobre Brasil e Israel. Alguns,
já amigos pelo Facebook, se conheciam pela primeira
vez pessoalmente e reclamavam da desunião dos
brasileiros em Israel.
"Acho que tem de ter um começo para tudo, para que
haja uma mudança", diz Czelusnick.
TEXTO: Folha de S. Paulo - Diogo Barcito
IMAGEM: Samantha Israel Calôba