PERASHAT HASHAVUA – CHAIE SARA – PORÇÃO SEMANAL DA TORÁ (Leitura completa em 14/11/2009)

 Esta perashá recebe o nome de CHAIE SARA (a vida de Sara), embora descreva a notícia de sua morte e os detalhes relativos ao seu sepultamento. A rigor, em termos literários, os críticos poderiam até desejar chamá-la de “mitat Sara” (a morte de Sara) e não o nome pela qual a conhecemos.

Cabe-nos entender, entretanto, que o significado de cada passagem bíblica não é aleatório, porém uma descrição da essência e conceitos dentro do contexto no qual eles são discutidos, não nos sendo permitido trocar sequer uma letra da Torá

Neste caso, a vida da matriarca estava fixada num fim específico, que seu filho Isaac pudesse alcançar um elevado nível espiritual. Com efeito, vemos nesta porção semanal, preparativos incansáveis de Abraham para semear o desenvolvimento de Isaac, proporcionando-lhe não apenas bens materiais, porém a constituição do matrimônio, da vida familiar e a tranqüilidade de espírito para prosseguir sua missão em construir a Casa de Israel. Ele realizou assim os anseios de sua mãe, cumprindo seus sonhos e ideais. Desta forma, através do comportamento de Isaac, Sara continuou viva.

Veremos no decorrer deste relato, que Abraham se ocupou de dois assuntos de crucial importância no período em que se aproximava o ocaso de sua vida: um local condigno (e comprado) para sepultar sua companheira inseparável e a orientação correta para o casamento de Isaac sob a ótica da continuidade a tudo quanto ele almejou em sua existência, de cunho fundamental para os primeiros passos do judaísmo.

Estas duas preocupações se tornaram uma constante na vida judaica. A organização familiar, pilar da sobrevivência de um povo e um local adequado para estabelecer um “Beit Hahhaiim” (casa da vida), denominação dada ao cemitério israelita. Não importa quão distante o judeu se encontre de sua comunidade, ele irá procurar ainda em vida e deixará instruções expressas para que o sepultem numa necrópole de seu povo. Neste exemplo bíblico, na cova comprada por Abraham (Mearat Hamachpelá) em Hebron, foram sepultados além de Sara, ele próprio, Isaac e Rebeca, Jacob e Lea, dizendo ainda a tradição que lá se encontram os sepulcros de Adão e Eva.

Isaac, em princípio, poderia ser considerado um personagem passivo, introvertido. Foi conduzido de maneira segura ao longo de sua vida. Submeteu-se à Akedat Itzchak “sacrifício de Isaac”, determinaram com quem deveria se casar e sua esposa foi quem futuramente viria a definir por ele a qual filho daria sua bênção.

Veremos, entretanto, detalhes também importantes na sua existência. Ele foi o único patriarca que nasceu, viveu e morreu em Eretz Israel, nunca se afastando de lá. O único monogâmico e descrito como o que amava intensamente sua esposa. Podemos crer que seu papel, na realidade, tenha sido a perpetuação da herança espiritual recebida, sem a qual o trabalho de Abraham se perderia. Sua união a Rebeca parece-nos ser o primeiro caso de “amor à primeira vista”, o personagem romântico da Torá. Lemos que Rebeca caiu do camelo quando o viu e que ele logo dela se enamorou.

Isaac foi sabiamente um homem que cumpriu com o dever que lhe tinha sido determinado, vivendo na terra que D’us prometeu a seu pai em franca harmonia com os valores que recebeu e transmitiu aos seus descendentes.

 

SHABAT SHALOM UMEVORACH !

Isaac Dahan

Chazan / Shaliach Tsibur da Comunidade de Manaus



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